Advogados protestam contra o "encerramento do País"
Cerca de três mil pessoas, advogados, autarcas e funcionários judiciais de todo o País contestaram nesta terça-feira, junto às escadarias da Assembleia da República, em Lisboa, o novo mapa judiciário. A reforma que entra em vigor a partir de 1 de setembro provoca o fecho de 20 tribunais e o encerramento de 27 salas de audiências.
No final do protesto a bastonária Elina Fraga afirmou que está orgulhosa da adesão da classe e tem a convicção de que a reforma provocará "o colapso de todo o sistema judicial" no país e terá "gravíssima repercussão na Justiça portuguesa".
O protesto contou também com o apoio da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), tendo estado presentes em Lisboa eleitos das câmaras municipais e assembleias municipais dos 54 municípios abrangidos pelo encerramento dos tribunais.
O conhecido advogado Garcia Pereira, também presente na manifestação, afirmou que marcou presença no protesto "como cidadão e advogado" e que o "novo mapa judiciário irá condenar o País". Acrescentou que "há um afastamento dos tribunais em relação aos cidadãos".
Adelaide Modesto, presidente da concelhia de Viseu do Partido Socialista, adiantou ao DN estar no protesto para "defender os interesses de todos os cidadãos". Segunda a advogada, a reforma "não satisfaz os interesses das pessoas e não foi bem pensada".
João Sampaio, advogado da sociedade Jardim, Sampaio, Magalhães e Silva, sublinhou os problemas que o mapa judiciário poderá trazer, nomeadamente o agravar do "isolamento das aldeias que vão deixar de ter um tribunal. As pessoas terão que pagar para se deslocarem para o tribunal. Pagarem pelo próprio direito".